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AMAMENTAÇÃO: A MINHA EXPERIÊNCIA

A amamentação é um tema muito polémico. Por um lado temos mães que querem amamentar mas não têm leite; por outro lado temos mães que, embora tenham leite, não querem de todo amamentar.
Por um lado temos mães que não gostam de amamentar em público; por outro lado temos mães que amamentam enquanto discursam no parlamento.
Por um lado temos pessoas que recriminam quem amamenta; por outro lado temos pessoas que recriminam quem não amamenta.
Aqui por estes lados, temos uma mãe que queria muito amamentar mas que só amamentou durante dois meses, que não se sentiu nada confortável a amamentar em público e que recrimina quem recrimina as opções alheias.


Não consigo esquecer a primeira vez que dei maminha ao Vicente. Tinha acabado de sair do bloco operatório quando encontrei o Fábio no recobro. Tinha o Vicente ao colo e namorava-o com o olhar. Que fotografia esta, cheia de amor, eu guardo na minha memória!

O Vicente estava esfomeado. Foi um alívio quando, sem precisar de grande esforço, ele agarrou na maminha e começou a sugar. Parecia que tinha andado a treinar durante os nove meses que esteve na minha barriga!

Mas atirei os foguetes cedo de mais! As vezes seguintes em que tentei alimenta-lo não correram assim tão bem. O Vicente adormecia enquanto comia e acreditem que fazíamos de tudo para o manter acordado (a foto em baixo foi tirada numa das tentativas de o alimentar.). É claro que, sem comer, não tardou em fazer uma hipoglicémia. Assim, por sugestão das enfermeiras, começamos com o leite artificial (LA).


Comecei então a alimentar o Vicente em sistema misto. Que é só o pior!! Tive os dois trabalhos. Mas como o leite materno tem inúmeros benefícios decidi continuar com este sistema.

O dia em que me deram alta coincidiu com a subida do leite. Essa é uma parte da maternidade que não é muito bonita. Dói muito! Nessa altura tinha duas grandes amigas: as meias com arroz! Experimentem colocar arroz em duas meias de forma a formar uma bola do tamanho do punho da vossa mão e apertem com um nó na ponta. Aqueçam no micro-ondas e massajem o vosso peito de forma a desfazer todos os caroços. ;) Podem, posteriormente, contrastar com um saco de ervilhas congeladas. Acreditem que vai aliviar as vossas dores.

Durante os primeiros dias em casa, o sistema misto não estava a funcionar muito bem. O Vicente rejeitava a maminha. A reação dele partia-me o coração. Parecia que lhe estava a dar vinagre! Até que, finalmente descobri o porquê de tamanha rejeição. PURELAN. O creme maravilha da Medela que, supostamente, é inócuo. Aconselharam-me a utilizar o creme no último mês da gravidez, para me preparar para a amamentação. Então, lá colocava eu, todos os dias, um bocadinho de creme.

Ao fim de 15 dias de rejeição, desisti. Era sempre um enorme drama na hora de comer. Ele chorava, eu chorava. Enfim. Aquilo tinha de acabar. Quando tomei essa decisão, que me custou imenso, deixei de colocar o Purelan. E de repente, como que por magia, quando fiz a última tentativa, o Vicente começou a mamar. Claro que foram 15 dias em que fui pouco estimulada e isso conduziu a que tivesse cada vez menos leite.

Mais tarde voltei a colocar o Purelan e o Vicente voltou a ter a mesma reação. Acredito que o meu filho seja uma exceção e que de facto o Purelan seja inócuo na maioria dos casos. Mas esta foi a minha experiência.

Relativamente a mamilos gretados, tenho duas sugestões: hidratar com o próprio leite materno (façam isso sempre e não apenas quando estiverem feridas) ou com o creme CICAMEL (este creme é milagroso!).
Uns dias depois do Natal, dei de mamar ao meu filho pela última vez. Fui só eu que fiquei com um sentimento de vazio quando soube que nunca mais lhe ia dar maminha e que aqueles momentos a dois tinham terminado?!

Aproveito para desmistificar que o tamanho do peito nada tem a ver com a quantidade de leite produzida! Quanto mais o bebé mama, mais leite é produzido.

Para quem está quase a ser mamã, aconselho a ler um livro da Constança Cordeiro Ferreira que se chama "O Livro de Magia das Mães". Este livro aborda vários tópicos. Um deles é a amamentação. Gostei muito de o ler e ajudou-me a perceber muitas coisas. Por exemplo, sabiam que as pequenas saliências que aparecem à volta dos mamilos e da auréola se chamam glândulas de Montgomery e que deitam um pequeno cheiro (que a maioria das mães não se apercebe)? O facto da auréola ficar mais escura, em complemento com as suas alterações olfativas, tornam-na num alvo gigante para onde o bebé se dirige.

Segundo a Constança, "Apesar da sua visão desfocada, o bebé é também guiado pelo cheiro… Não há como falhar o alvo e o nosso corpo assegura-se de o garantir."

Realmente tudo o que envolve a maternidade é mágico!

Conto convosco na próxima terça feira.

Até lá,
Flávia




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