Não é novidade que adorei estar grávida. Tive uma gravidez santa: não tive de ficar de repouso, não fiz nenhuma pré-eclâmpsia, esteve sempre tudo bem com o bebé, … Tudo correu lindamente. No entanto, não posso dizer que adorei tudo o que aconteceu durante a minha gravidez. Hoje falo-vos sobre as coisas que menos gostei durante as 39 semanas e 4 dias de gestação do Vicente.
Enjoos
Tive enjoos até às 29 semanas. E o curioso é que, contrariamente ao esperado, os enjoos eram mais fortes à noite. A minha salvação foi o Nausefe. Não sei o que teria sido de mim sem estes comprimidos milagrosos.
Todas as semanas, durante o fim de semana, lá deixava eu de tomar o santo remedio na esperança de já não precisar dele.
Não façam esta experiência durante a semana. Fiz isso uma vez e passei o dia no trabalho super enjoada. Não foi nada boa ideia!
(36 semanas)
Exame da glicémia
Não sou fã de tirar sangue mas na gravidez fazemos análises uma vez por cada trimestre. No segundo trimestre temos de fazer o famoso exame à glicémia onde tiramos sangue não uma, não duas mas três vezes! Aguenta veia!
Basicamente, tiramos sangue quando chegamos à clínica e logo de seguida bebemos um líquido extremamente doce. Eu tive opção de escolha entre limão/laranja e fresco/natural. Optei por limão fresco e não custou assim tanto beber. Continuando, ao fim de 1h tiramos novamente sangue e, passada outra hora, tiramos sangue pela última vez.
É um teste chato, não só pelas picadelas, mas também por termos de ficar na clínica o tempo todo. Não é obrigatório mas é aconselhado. Eu comecei a sentir-me mal ao fim da primeira meia hora e passei o resto do tempo deitada numa maca por isso, ainda bem que não me deixaram ir para o trabalho (que ficava mesmo ao lado da clínica).
Teste do cotonete
Continuando na onda dos exames, não podia deixar de mencionar o teste do cotonete que se realiza no último mês. Este é um teste de preparação para o parto. O objetivo é ver se existe a bactéria Estreptococos B na região vaginal. No entanto, esta bactéria tem origem no intestino e, como tal, também é necessário verificar se ela existe na zona anal. Assim, este teste consiste basicamente numa "raspagem" vaginal e anal. UAU! (Se calhar raspagem não foi o melhor termo… o exame consiste em passar com um cotonete nas duas regiões.)
Não sei se quem já esteve grávida tinha noção deste teste, mas eu só soube no dia em que cheguei à clínica. Querida mana, podias ter-me elucidado deste teste tão interessante!
Só para aprofundar um pouco mais sobre esta bactéria, o problema incide sobre o parto. Se a região vaginal estiver infetada há o risco de o bebé ficar infetado, podendo despoletar vários problemas.
Se a zona anal estiver infetada, há probabilidade dessa infeção passar para a zona vaginal, daí a dupla "raspagem".
Não dormir de barriga para baixo
Se há coisa que eu adoro é dormir. Então se for de barriga para baixo… ui! É a cereja no topo do bolo. Por motivos óbvios, tal torna-se impossível com o avançar da gravidez.
Desenganem-se se acham que logo a seguir ao parto a coisa já se torna possível. Desta vez o problema não é a barriga mas sim as mamocas que doem por causa da subida do leite e, no caso das cesarianas, a zona da costura que também dói e, mesmo que não doesse, as dores do pós-parto são tantas que dificilmente nos conseguimos virar de barriga para baixo.
Barriga grande
Fiz uma barriga gigante! Grande de mais na minha opinião e na das outras pessoas também. Chegaram a perguntar-me se estava grávida de gémeos! Portanto, fiz uma barriga mesmo grande. É cansativo quando as pessoas comentam constantemente o tamanho (seja grande ou pequeno) das nossas barrigas.
Não façam isso! Acabamos por sentir que algo está errado e uma grávida não precisa que lhe coloquem minhoquices na cabeça.
Último mês: inchaço, calor e fome
O último mês é o mais difícil de todos. Em primeiro lugar porque já estamos grávidas há muito tempo e já só queremos conhecer o nosso bebé. Depois, porque a barriga pesa imenso, não há posição para dormir, as pernas incham, a aliança deixa de caber no dedo, o calor sente-se como se estivéssemos no México, a fome surge constantemente (mesmo a meio da noite) e dormir, … oh dormir… deixa-se de conseguir dormir.
Eu passei o último mês em modo zombie. As minhas noites eram passadas a comer, a tomar banho de água fria (eu, que em pleno verão tomo banho com água quente), a apanhar ar na varanda, … enfim! Não foi um mês fácil. Dizem que este mês sem dormir já é uma preparação para os meses que se seguem. Acredito que sim!
Histórias sobre partos que correram mal
As pessoas não resistem e eu não percebo porquê. Há sempre uma história sobre um parto que correu menos bem que as pessoas acham que as grávidas têm de saber. Mas porquê??? Por favor minha gente, se tiverem alguém perto de vocês que esteja para ter bebé, falem em coisas boas. As grávidas têm plena noção de que nem tudo corre bem e, acreditem, é nisso que elas mais pensam. Por isso, não precisam de lhes relembrar dos potenciais riscos.
Não sei se já mencionei, mas, no domingo antes do Vicente nascer (nasceu numa 3f), passei o dia a chorar. Em pânico. Estava cheia de medo. Aterrorizada! Achava que qualquer coisa ia correr mal. O Fábio já não sabia o que me dizer... Por fim só disse "Vais já ligar à tua irmã porque ela já passou por isso. Ela vai ajudar-te." Liguei-lhe, já era tarde. Acordou com uma voz de sono mas assim que ouviu o meu desespero, não teve problemas em estar ao telefone comigo quase 1h.
Na 2f, o Fábio trabalhou até às 22h. Uma amiga minha, sabendo desta situação e dos meus nervos, saiu do trabalho e veio cá a casa dar-me muitos miminhos. Só saiu cá de casa quando o Fábio chegou.
Vivo rodeada de pessoas maravilhosas e são estes pequenos gestos que ficam.
Não se esqueçam de mimar muito as vossas amigas grávidas. Principalmente no último mês de gravidez ;)
Até 3f,
Flávia
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