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CRECHE: A SEGUNDA CASA DOS NOSSOS FILHOS

E hoje é o primeiro dia de escola do Vicente. Há uns meses atrás, imaginava este dia com o coração apertado e com lágrimas nos olhos. Hoje, surpreendentemente, estou entusiasmada com esta nova etapa. O meu bebé está a deixar de ser bebé. O meu bebé vai ter muitos amiguinhos para brincar. O meu bebé vai ter de arranjar forma de explicar as suas necessidades à educadora (todas as necessidades que eu já sei de cor!). O meu bebé, ... Oh céus! É melhor não pensar muito no assunto porque já estou a sentir os meus olhos a inundar!

Hoje deixo o testemunho da minha tia que trabalha em berçários e infantários praticamente desde que eu nasci!



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Trabalhar com crianças é como cuidar de flores: é vê-las crescer em direção ao sol, perceber porque não estão viçosas, saber como fazê-las florir, compensar o que a terra não lhes dá e dar-lhes luz quando o sol se esconde. É isso que faço há 27 anos, como auxiliar em berçários e infantários: cuido das florinhas que os pais, muitas vezes com lágrimas nos olhos, me confiam.

Hoje em dia, os berçários e infantários fazem, em muitos casos, durante demasiadas horas, parte do dia da criança.

Por exigência do sistema laboral, os pais veem-se obrigados a entregar-nos os seus filhos logo pela manhã e só os conseguem ir buscar ao final da tarde. As crianças acabam assim por passar mais tempo com as educadoras do que com os pais, tempo esse, fundamental para a partilha de afetos e de novas aprendizagens, como o primeiro passo ou as primeiras palminhas.

As horas de amamentação vêm contornar a carga horária das mães, permitindo que estas passem mais tempo com os seus filhos. No entanto, e infelizmente, muitas mães preferem utilizar estas horas para tratar de outros assuntos, enquanto os seus filhos, que podiam ir mais cedo para casa passar tempo útil com elas, continuam na escola connosco.

A escola não deve tomar o lugar dos pais e os pais não podem exigir que as instituições tomem o seu lugar enquanto principais cuidadores. No entanto, há quem não entenda isso.

Há tantos anos a trabalhar com crianças, acredito já ter visto de tudo. Uma das situações que mais me preocupa e que acontece com alguma frequência é quando os pais deixam na escola as crianças doentes.

As escolas dão a indicação aos pais de que não aceitam os seus filhos se estes estiverem doentes. Assim, antes de saírem de casa, as crianças são medicadas com antipiréticos para chegarem ao infantário sem sintomas. Nenhuma informação nos é transmitida e nós, que cuidamos das crianças como se fossem nossas, ficamos aflitas quando a febre sobe, quando surgem cólicas, quando há dificuldades em respirar, … Ligamos aos pais e, muitas vezes, os telefones estão desligados e só perto da hora de irem buscar os meninos é que os ligam ou devolvem as chamadas. Nesse entretanto, a criança que está doente continua na escola a partilhar babinhas e ranhocas com os seus amiguinhos. E começa a bola de neve!

Mas o jardim também tem as suas alegrias. Trabalhar com crianças é fazer uma descoberta a cada dia, é receber sorrisos e abraços, alguns de alegria e outros para consolo, e é sentir que os pais nos confiaram os seus tesouros para neles depositarmos um pouco de nós. Muitas vezes não depositamos só um pouco. A maioria das vezes depositamos tudo! E é por isso que ficamos magoadas quando o nosso melhor é insuficiente para alguns pais.

Percebo que fiz um bom trabalho quando, anos mais tarde, aquele adolescente, outrora criança, se lembra de mim, me sorri e me abraça. Este é o reconhecimento de que neles ficou algo de mim. Afinal, cativamo-nos uns aos outros.

Irene

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Ter filhos não é fácil! Aliás, ter filhos é fácil. Difícil é criá-los tendo em consideração todas as nossas obrigações.

A creche é a segunda casa dos nossos filhos. Não é a primeira. E há que fazer todos os esforços para que assim seja.

Obrigada tia, por este testemunho.

Flávia


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