Amanhã será um grande dia. O Vicente comemorará o seu primeiro aninho de vida e eu o primeiro enquanto mãe. Fará amanhã um ano que descobri uma forma diferente de amar. A forma mais genuína e bonita. Haverá amor mais sincero e altruísta que o de uma mãe por um filho. Se existe (o que acho difícil) ainda não o descobri. Este mundo da maternidade cativou-me completamente e por isso nada me fará mais feliz do que experienciar este amor a dobrar ou a triplicar. Mas enquanto isso não acontece, falo-vos sobre esta tão bonita forma de amar.
Ao longo da vida vamos vivendo vários tipos de amor. O amor pelos nossos pais e irmãos é o primeiro. Ninguém se lembra de começar a senti-lo mas todos o sentem. O amor pelos restantes membros da família (avós, tios, primos, ...) também parece não ter um início na nossa memória. Simplesmente amamos e não sabemos porquê.
Mas ao longo da vida, com base nas atitudes e comportamentos, vamos amando e "desamando". Abrimos o nosso coração a pessoas que não pertencem à nossa família: amigos, professores, catequistas,... e, claro, àquele rapaz ou rapariga que nos provoca borboletas na barriga. Mas também vamos expulsando do nosso coração aquelas pessoas que nos magoam e que em nada contribuem para a nossa felicidade.
Foi há doze anos que abri o meu coração ao Fábio. Qualquer dia conto-vos a nossa história, mas deixo o cheirinho de que fui eu quem fez o pedido de namoro. Aquele era o tal. Eu tinha a certeza. Por isso achei melhor chegar-me à frente antes que outra o agarrasse. :) Que decisão mais acertada!! Tive a sorte de aos dezasseis anos encontrar o amor da minha vida. E como é bom perceber que doze anos depois continuo a sentir arrepios quando ele me toca e que continuo a rir-me das suas piadas sem piada. Acredito que no mundo existe alguém destinado a cada um de nós. Tive sorte por a minha cara metade andar na mesma escola que eu.
Continuando as minhas descobertas pelo amor, há dois anos descobri outro tipo de amor e foi a Francisca quem mo deu a conhecer. Dizem que o amor que sentimos por um sobrinho é o que mais se assemelha ao amor que sentimos por um filho. Aquela gordinha não saiu de dentro de mim mas amei-a no segundo em que a vi. E embora a resposta dela quando a mãe lhe pergunta "Queres falar ao telefone com a madrinha?" seja sempre um assertivo "Não!", amo-a como se fosse minha.
Mas foi no ano passado tudo mudou. Tudo ganhou outra dimensão. O Vicente veio dar uma nova cor à minha vida. Nunca esquecerei o som do primeiro choro. Achava eu que o choro dos bebés, para além de irritante, era todo igual. Ignorante! O choro do meu filho foi o som mais bonito que alguma vez ouvi. Só o som do primeiro choro, ok?! Não haja confusão.
Muitas mães não sentem logo amor assim que o seu bebé nasce. Isto é muito comum! Não é que o amor não esteja lá. Ele simplesmente está abafado pelos medos e receios que a recém mamã experimenta quando põe o pé no mundo da maternidade. Porque o que esta experiência da maternidade tem de maravilhoso, também tem de assustador. Já partilhei convosco que passei os dois dias que antecederam o nascimento do Vicente em pânico. O medo apoderou-se de mim e os pensamentos negativos de incapacidade invadiram a minha cabeça.
E volto a mencionar a Ana. A minha querida Ana saiu do trabalho e rumou à minha casa para me dar muitos miminhos. Só saiu de casa quando o Fábio entrou porta dentro com um ramo de flores para continuar os miminhos que a minha amiga me tinha, incansavelmente, oferecido. :) Claro que a minha mãe e irmã não largavam o telefone preocupadíssimas comigo. É nestes momentos que percebemos que o amor que oferecemos aos outros mais cedo ou mais tarde é retribuído.
O dia de hoje está a ser particularmente especial para mim. Para além de estar a reviver os sentimentos que antecederam o nascimento do Vicente, aguardo o nascimento da filha de uma amiga minha. A Maria que, tal como o Vicente, decidiu permanecer sentada na barriga da mamã, já tem hora marcada para sair do quentinho e vir mostrar aos seus papás esta forma tão bonita de amar que tenho vindo a falar. A minha amiga está quase a conhecer o mais bonito de todos os mundos: o mundo da maternidade. Fico emocionada só de pensar. Ela está quase a ser mãe e eu estou quase a ser "tia", outra vez! Maria, a titia está à tua espera. :)
(Esta é só a grávida mais elegante de todos os tempos!)
Enquanto aguardo novidades da minha amiga, vou só ali dar umas beijocas ao meu filho e dizer-lhe ao ouvido o que ele ouve todos os dias milhares de vezes "Amo-te filho!".
Vemo-nos na próxima 3f.
O que acham de um Estendal sobre a minha recuperação pós-parto? Estou a prepará-lo para vocês. :)
Um grande beijinho para todos,
Flávia
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