Ser mãe de dois... Ai ser mãe de dois.
Já vos disse que nasci para isto, não disse? Para ser mãe. Não há nada nesta vida que me dê maior alegria do que o beijinho de bom dia do Vicente, os sorrisos do Mateus ou as mini interações entre os dois. Mas, ser mãe de dois não é fácil e o primeiro mês foi, até agora, o pior de todos!
Até ao nascimento do Mateus, embora ele já existisse e eu já fosse mãe dele, na prática, era apenas mãe do Vicente. Durante a estadia na maternidade, na impossibilidade de ver o Vicente, e na tristeza que causava em mim vê-lo nas vídeochamadas, acabei por me focar e refugiar no Mateus e por ser apenas mãe dele.
Mas chegou o momento de ir para casa. O momento de passar a ser efetivamente mãe do Vicente e do Mateus.
O primeiro mês foi duro em vários aspetos. Sei que não fui uma mãe presente para o Vicentinho. E chorei. Chorei muito. Os meus dias eram isto: dar mama ao Mateus, pôr gelo nos pontos, tomar duche quente para aliviar as mamocas da subida do leite, dar mama ao Mateus, pôr gelo nos pontos, ... . Quando me sobrava tempo, tentava comer alguma coisa e dormir. O Vicente não fazia parte desta rotina.
Houve um dia em que o Fábio me disse: "Flávia, vai brincar um bocadinho com o Vicente. Ainda não estiveste com ele hoje.". Ai se aquelas palavras me magoaram!!! Reconhecia a verdade nelas e isso fazia-me sentir a pior mãe do mundo.
Nos banhos, os meus momentos privados onde podia chorar em segredo sem que a vermelhidão da cara me denunciasse, questionava-me sobre se seria capaz de ser mãe de dois. Aqueles dois meninos precisavam de mim e eu não me estava a sentir à altura do desafio. Cheguei a pensar que estava a prejudicar o Vicente. Ele era bebé e só precisava de miminhos e da atenção da mãe. E em vez disso o que é que eu lhe dei? Um mano.
Um mano que exigia o dobro da minha atenção. Um mano que não deixava tempo para que eu brincasse com ele. Um mano que chorava a toda a hora...
Mas, um mano que, um dia mais tarde, ele reconhecerá como a melhor coisa que os pais algum dia lhe poderiam ter dado, concluí por fim. E é isso mesmo!
Ser mãe de dois... Ai ser mãe de dois.
O segundo mês também não foi fácil. Apesar das hormonas do pós-parto já não se fazerem sentir, o segundo mês foi marcado pelo regresso do Fábio ao trabalho. E foi então que a desvantagem de uma mãe para dois filhos se fez sentir.
Ser mãe de dois mostra como é fácil ser mãe de um. Mas quando somos mães de dois já trazemos alguma bagagem da primeira experiência que nos facilita nesta segunda.
Fiz para vocês o levantamento de 10 coisas que vos esperam quando são mães de dois. Preparadas? Então aqui vão elas:
1. Um dos filhos vai ter de ficar a chorar. Eles são dois e nós somos só uma. Inevitavelmente, haverá momentos em que apenas conseguiremos atender um deles. No início tentava fazer tudo com o Mateus no sling pois quando ele sentia a minha ausência começava logo a chorar. Mas o Vicente começou a reclamar o seu lugar no "co" da "mamãe".
Cheguei a andar com os dois ao colo ao mesmo tempo mas as costas depressa começaram a ceder. Foi aí que ganhei coragem e rendi-me à realidade: um dos dois ia chorar e não havia nada que eu pudesse fazer para evitar.
2. O filho mais velho vai ter ciúmes. Acho que quando pensamos em ir ao segundo filho, um dos aspetos que equacionamos é o impacto que um bebé terá na vida e comportamento do nosso filho. Todas as crianças sentem ciúmes do irmão mais novo. Isto é inevitável. Algumas demonstram, outras não, mas todas sentem ciúme. Cabe a nós pais fazer com que o irmão mais velho sofra o menos possível com a chegada do irmão mais novo.
Nas primeiras vezes em que o Vicente via o Mateus a mamar, vinha logo reclamar a minha atenção pedindo-me colo ou pedindo para que eu fosse brincar com ele. Perante a minha resposta negativa, ele virava costas e ia para um canto da casa chorar. Ai se isto me partia o coração..!
3. O filho mais velho vai "crescer". Quando temos efetivamente um bebé, percebemos que o nosso filho mais velho já passou essa fase. Desde que o Mateus nasceu, olho para o Vicente de uma forma completamente diferente. De repente passou a ser um mini rapaz. E desde que o irmão nasceu noto que ele cresceu imenso. Acredito que tenha a ver com o facto de nós lhe darmos mais liberdade e "responsabilidades".
4. É mais fácil deixar os nossos filhos com outras pessoas. Quando só temos um filho, pode ser difícil deixá-lo com outras pessoas (avós, tios, escola, vizinhos, ...). Não é que não confiemos em terceiros, mas ninguém toma melhor conta dos nossos filhos do que nós, certo?! Gostamos de os ter bem debaixo da nossa asa. Quando vem o segundo filho, a coisa muda... Deixa-los com outras pessoas acaba por ser um alívio para nós na medida em que ganhamos um tempinho só para nós!
5. Tratar de um bebé já não é novidade. Se com um filho tudo é novidade, com o segundo já fazemos muitas coisas de olhos fechados. Mudar fraldas, dar banho, amamentar/dar biberão, descobrir "truques" para os adormecer, vesti-los... é tudo tão mais simples.
6. Estamos mais relaxadas. Sabem quando o vosso filho está em casa e vocês não o estão a ver nem a ouvir? Toda a gente sabe que isso é sinal de que está a fazer disparate. Antes do Mateus nascer, quando havia silêncio em casa eu ia a correr ver o que se passava. Agora? Agora, aprecio o silêncio!
Quando se passava alguma coisa com o Vicente, a nossa tendência era logo ligar para a saúde 24 ou ir para o hospital. Hoje, a tendência é respirar fundo e agir racionalmente.
E os conselhos gratuitos que todos nos oferecem? Ficava doida com o "não lhe dês colo, ele vai habituar-se", "Chucha, mas porque é que lhe deste chucha? A boca dele vai deformar", "Estás a dar-lhe muito leite, vais dilatar-lhe o estômago e torna-lo obeso", "Não lhe posso dar beijinhos nas mãos e tenho de lavar as minhas mãos para tocar nele? Mas pensas que tenho algum mal ou quê?" (o Covid não trouxe só coisas más!), ... Continuo a receber muitos conselhos gratuitos mas já os recebo com carinho. (alguns!) ;)
7. As despesas não são a dobrar. Sim, as despesas vão aumentar. É um facto! Afinal é mais um mini ser que come, bebe, veste, ... vive! Mas não aumentam em dobro. A nível do enxoval, há sempre coisas que podemos aproveitar quer a nível de roupa (mesmo em irmãos de género diferente) quer a nível de puericultura. A despesa na creche/escola também não dobra. Em muitas escolas é aplicado um desconto na mensalidade do segundo filho.
8. O trabalho também não é a dobrar. Numa fase inicial (na que me encontro agora) talvez seja mas acredito que daqui a uns meses tudo mude. Os banhos podem ser dados em conjunto, passam a comer a mesma comida (não é preciso estar a preparar o leite ou a fazer comida especial para o bebé), adormecem juntos, brincam juntos, ...
9. O pouco tempo que tínhamos para nós desaparece. Se têm um filho e queixam-se com falta de tempo para vocês, esperem até ter o segundo. Não é para desmotivar! Mas de facto, com um filho, os pais conseguem-se ir revezando entre si e enquanto o pai está com a criança, a mãe consegue aproveitar esse tempo para ela e vice-versa. Com dois filhos já não é a mesma coisa. Ficar com os dois dá muito trabalho e os pais tentam evitar que isso aconteça.
10. O amor de mãe não se divide, duplica. Uma das perguntas que mais me têm feito é se é de facto possível amar dois filhos da mesma forma. Sim é. Inacreditavelmente, é possível. Em breve falarei disso com maior detalhe.
E vocês que têm mais do que um filho, como tem sido a experiência? Contem-me tudo. Quero saber o que me espera!
Flávia
Amor a duplicar!!
ResponderEliminarExcelente fotografia Flávia.
Beijinhos ♥️